Falsa psicóloga participou de audiência pública na Câmara de Vereadores
Beatriz Cunha, a falsa psicóloga (À direita), participa de uma audiência pública na Câmara de Vereadores. Na foto, a secretária de Educação, Cláudia Costin (segunda à esquerda) e o vereador Paulo Messina (ao centro) Foto: Reprodução / 29.10.2009Continue lendo
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Marcelo Gomes e Matheus Vieira
Em 29 de outubro de 2009, a falsa psicóloga participou de uma audiência pública na Câmara de Vereadores do Rio sobre a intenção da Secretaria de municipal de Educação de acabar com as escolas para alunos especiais a partir de 2010. O evento foi convocado pelo vereador Paulo Messina (PV), membro da Comissão de Educação da Casa, que convidou Beatriz — que até ser presa tratava seus dois fi$autistas — e a secretária de Educação, Cláudia Costin.
— Em 2009, havia uma política do MEC para inclusão de alunos especiais em turmas regulares. Desesperados com a falta de estrutura nas escolas, os pais de crianças especiais me procuraram. Realizei uma audiência pública com cerca de 500 pais e convidei a secretária e a Beatriz, que, como terapeuta dos meus filhos, era uma pessoa da minha confian$ça. Na ocasião, eu não disse aos pais que também tenho filhos especiais. Nunca foi minha intenção politizar a questão — explicou Messina.
Costin afirmou nesta quinta-feira que não foi apresentada a Beatriz.
— Quando cheguei, ela já estava no lugar dela. A maior parte do tempo foi ocupada pela fala das mães. E o que ela falou não me chamou a atenção. Era um discurso bastante genérico — disse a secretária.
Advogado diz que seu filho piorou
O advogado Gilson Moreira e a mulher, a delegada de Polícia Civil Candisa Andréa Foto: Bruno Gonzalez
"É uma lesão que não consigo dimensionar. Não estou falando dos R$ 50 mil que perdemos com ela, mas do dano que essa mulher fez no meu filho. Antes de começar o tratamento, o menino já fazia xixi em pé e não andava mais na ponta dos pés. Agora ele regrediu", desabafou ontem o advogado Gilson Moreira, que junto com a mulher, a delegada de Polícia Civil Candisa Andréa, descobriu que Beatriz não é psicóloga.
Os dois filhos do vereador Paulo Messina se tratavam há cinco anos com Beatriz:
— Sinto que falhei como pai. Se meus filhos estivessem recebendo o tratamento correto, como eles estariam agora? É um crime o que essa mulher fez com o desenvolvimento das crianças. Ela tem que pagar pelo que fez.
Uma farsa de quase meio milhão
A clínica da falsa psicóloga fica na Rua Sorocaba, em Botafogo Foto: Cléber JúniorContinue lendo
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Giampaolo Braga, Marcelo Dias, Marcelo Gomes e Matheus Vieira
Quanto vale uma mentira? Para a falsa psicóloga Beatriz da Silva Cunha, de 32 anos, passar-se por especialista no tratamento de autismo lhe rendeu quese meio milhão de reais das Forças Armadas. Desde 2008, a clínica dela, o Centro de Análise do Comportamento, na Rua Sorocaba 682, em Botafogo, arrecadou R$ 456.583,44 — R$ 255.633,54 da Marinha e R$ 200.950 da Aeronáutica.
A falsa psicóloga foi desmascarada às 16h30m de quarta-feira, quando a delegada Patrícia Paiva de Aguiar, da Delegacia do Consumidor (Decon), prendeu-a ao se passar por uma mãe em busca de tratamento para o filho. Segundo a polícia, a farsante tratou de, pelo menos 70 crianças desde 2009. Beatriz admitiu que trabalha como psicóloga desde 1998.
A farsa desmoronou há três semanas, quando os pais de um menino de 7 anos descobriram que o número que ela usava como registro profissional no Conselho Regional de Psicologia (CRP-RJ) pertencia a uma psicóloga paulista.
A falsa psicóloga Beatriz da Silva Cunha foi presa Foto: Reprodução
— Desde março de 2010, eu pedia os recibos de pagamento para abater no Imposto de Renda, mas ela só me atendeu em fevereiro. Só que o registro não constava nos recibos e, como a Receita Federal exige isso, ela me deu um número. Ei já estava desconfiado, investiguei e descobri tudo — contou o advogado Gilson Moreira.
Conselheira do CRP, Carla Barbosa reconhece a falha:
— Não é possível fiscalizar sem uma denúncia.
Indiciada por estelionato, falsidade ideológica e propaganda enganosa, Beatriz, que pode pegar até dez anos e três meses de prisão, diz que estudou nas universidades Gama Filho e Santa Úrsula, sem nunca ter se formado. A UGF confirma que ela foi sua aluna em 1998, tendo trancado matrícula e pedido transferência em 2002. Procurada, a Santa Úrsula não respondeu.
Vítima de roubo chama PM, que prende suspeito em Japeri
Ana Carolina Torres
Policiais militares do 24º BPM (Queimados) prenderam, na madrugada desta sexta-feira, na Rua Gurgel, no bairro Laranjal, em Japerí, Baixada Fluminense, Marcelo Ferraz Ramalho, de 26 anos. Os PMs chegaram até ele depois de serem procurados pelo dono de uma moto Yamaha, roubada nesta quinta, em Irajá, que viu Marcelo e o reconheceu. O acusado e o veículo foram levados para a 50ª DP (Itaguaí), onde Marcelo foi autuado por roubo.