As drogas e armas apreendidas pela PM na Rocinha Foto: O Globo / Carlos Ivan
Duilo Victor - O Globo
Três homens foram encontrados mortos a tiros, no início da madrugada desta segunda-feira, na Favela da Rocinha, Zona Sul do Rio, de acordo com o Batalhão de Choque (BPChq) da Polícia Militar. Os PMs suspeitam que uma briga entre traficantes rivais causou as mortes. No local do crime, na Rua 2, homens do Grupamento Tático de Motociclistas (GTM) do batalhão chegaram a uma casa arrombada que servia de abrigo para traficantes. No imóvel foram apreendidos cinco pistolas, três granadas e 1.505 papelotes de cocaína.
Os explosivos estavam preparados para detonação, o que tornou necessária a ação de homens do Esquadrão Anti-Bombas da Polícia Civil para remover os artefatos. Foram encontrados também 254 balas de pistola calibre 9 mm, cadernos com anotações de venda de drogas e substâncias usadas para misturar à cocaína e aumentar seu valor comercial.
O material apreendido foi levado para a 14ª DP (Leblon), mas o caso será investigado pela Divisão de Homicídios. Durante a madrugada, agentes da unidade especializada estiveram na favela. Policias do BPChq que participaram da ação contaram que o pai de uma das vítimas confirmou que seu filho era traficante e fazia parte de uma quadrilha rival a de Antônio Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico na favela preso há quatro meses quando tentava fugir de um cerco policial no porta malas de um carro de passeio.
Apesar da ocupação da Polícia Militar, iniciada em novembro do ano passado, a Rocinha tem sido alvo de conflitos entre traficantes nas últimas semanas. Em 16 de fevereiro, uma disputa pelo poder decretou a morte de pelo menos dois homens. Um deles, Thiago Schimmer Cáceres, o Leão ou Pateta, substituto de Nem no comando do tráfico da favela, foi morto na mesma Rua 2.
Polícia Militar do Rio decide expulsar líderes grevistas da corporação
Os líderes da greve dos policiais militares do Rio de Janeiro receberam nesta semana a informação de que serão expulsos da corporação. Dos 17 PMs que ficaram presos administrativamente em Bangu 1, cinco foram considerados culpados. São eles os cabos João Carlos Soares Gurgel, Alonsimar de Oliveira Pessanha, Wagner Jardim Hamude, Nilton Alves Neto e Vivian Sanchez Gonçalves.
A decisão do Comando-Geral ainda não foi publicada no Diário Oficial, mas já é dada como certa pelos policiais.
Apontado como o líder dos policiais grevistas, o Cabo Gurgel recebeu a notícia durante sua cerimônia de colação de grau e lamentou a decisão da corporação.
"No mundo real, sou um motivo de orgulho para meus familiares e professores. No mundo fantástico, que só existe na cabeça de alguns, sou uma pessoa incompatível", disse Gurgel, abalado com a expulsão.
Déjà vu
A decisão de Polícia Militar de expulsar os policiais envolvidos com o movimento grevista é similar à do Corpo de Bombeiros, que expulsou o cabo Benevenuto Daciolo e outros 12 pelo envolvimento com a greve. No mês passado, agentes das duas corporações se uniram para uma greve que acabou com a prisão dos líderes do movimento em Bangu 1.
Fonte: Jornal do Brasil
PEC300: Para Faria de Sá, interesse privado emperra piso nacional para policiais
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 300, proposta em 2008, estipula a criação de um piso nacional para policiais civis e militares. No ano em que foi escrita, ela apenas equiparava o salário da Polícia Militar em todo o País ao recebido pela categoria no Distrito Federal.
O dispositivo estava praticamente esquecido e parado na pauta de votação da Câmara dos Deputados. Entretanto, o assunto ressurgiu após a série de greves da polícia em todo o País, no mês de fevereiro, que teve como objetivo reivindicar salários maiores. Agora, policiais civis e militares pedem a aprovação da PEC em segundo turno, pois em primeiro foi aprovada em 2010.
Na sexta-feira, agentes da Polícia Civil, após assembleia geral realizada na Capital, aprovaram uma paralisação de dois dias, que deve ocorrer nesta quarta e quinta-feira. A decisão foi uma forma de repúdio à nova proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo do Estado. Em entrevista ao Jornal do Comércio, o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), autor da PEC 300, relata os problemas pelos quais a emenda está passando para poder ser aprovada e a importância da pressão dos trabalhadores.
Jornal do Comércio - Como era o projeto inicial da PEC 300?
Arnaldo Faria de Sá - O projeto inicial, de 2008, tinha o objetivo de equiparar o salário dos polícias de todos os estados ao dos policiais do Distrito Federal.
JC - Como se encontra o texto da PEC atualmente?
Faria de Sá - Após as modificações feitas no projeto aprovado, a PEC 300 hoje não equipara ao salário de Brasília, mas cria um piso básico nacional para todos os policias militares, civis e bombeiros, de R$ 3.500,00. Essa proposta já foi aprovada em primeiro turno no Congresso Nacional; falta apenas o segundo turno. Quando aconteceu esta aprovação, com a PEC nestas normas, ficou estabelecido que a segunda votação ocorreria depois das eleições de 2010, para não causar interferências. Passada a eleição, os governadores da Bahia, de Minas Gerais, de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul começaram a trabalhar contra a emenda.
JC - Quais são as pressões que a PEC 300 vem enfrentado?
Faria de Sá - Os governadores têm feito muita pressão contrária. Foi criada uma comissão especial na Câmara dos Deputados para estudar o impacto da PEC em nível nacional. Dos 27 estados, apenas sete responderam o que representaria o pagamento para a sua receita. Os outros não responderam porque alegam que existiria um impacto muito maior do que existirá. Se mostrassem, iriam revelar que estão superestimando o tamanho do problema. O governo federal não tem feito pressões contrárias abertamente.
JC - Então o senhor acredita que todos os estados têm condições de pagar os R$ 3.500,00?
Faria de Sá - Os estados de menor poder econômico, como Sergipe e Goiás, já pagam perto deste valor. A verdade é que as autoridades desta área preferem ver a segurança pública deficiente para poder vender segurança privada.
JC - A União fez um cálculo no ano passado, afirmando que o pagamento deste piso ocasionaria um impacto de R$ 46 bilhões para o País. O senhor concorda com este cálculo?
Faria de Sá - Mentira, não passa de R$ 20 bilhões no País todo. Eles querem falar estes números astronômicos para inviabilizar a aprovação. Primeiro diziam que a PEC 300 era inconstitucional, mas já se definiu matéria análoga a isto, no caso do piso nacional para profissionais da educação, que é constitucional. Acabou esta desculpa da inconstitucionalidade e agora começou a desculpa da inviabilidade econômica.
JC - O piso pago aqui no Rio Grande do Sul é o segundo pior do Brasil. Seria um salto altíssimo a implantação do piso nacional. Isto é viável?
Faria de Sá - Os piores salários são realmente do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro. Independentemente de passar para R$ 3.500,00, o que tem que acabar é um brigadiano, em início de carreira, receber R$ 1.500,00 de salário mensal. Isso é uma vergonha.
JC - Qual é sua opinião sobre as recentes greves, na Bahia e no Rio de Janeiro, reivindicando a implantação do piso nacional?
Faria de Sá - Gostaria de cumprimentar todos os policiais, que poderiam se omitir aceitando esses salários irrisórios. Eles assumiram que precisam melhorar os seus salários e, a partir disto, garantir o seu futuro e a sua aposentadoria. Na verdade, tanto no Rio de Janeiro quanto em Salvador, a proximidade do Carnaval foi o grande apelo. Daqui a pouco todo o Brasil estará correndo risco, pois o apelo será a Copa do Mundo. Os governos estaduais e federal precisam passar a ter responsabilidade e tratar a segurança pública como um direito do cidadão e não ficar brincando de fazer segurança pública.
Bicheiro gastava mais em um mês que a PM em um ano
Turcão emitiu R$ 2,6 milhões em cheques para gastos pessoais só em abril de 2007
Bens arrecados serão leiloados em favor do Estado, como lancha chamada Bandida, avaliada em R$ 400 mil
Rio - O maior termômetro do patrimônio financeiro do jogo do bicho na cidade está nas despesas de seus integrantes. Um dos mais antigos bicheiros do Rio, Antonio Petrus Kalil, o Turcão, emitiu R$ 2,6 milhões em cheques para pagamentos de gastos pessoais, só em abril de 2007. Isso é mais do que a Polícia Militar inteira tinha à disposição (R$ 2,2 milhões) para comprar coletes, munição, armas, viaturas e outros equipamentos, no mesmo ano, segundo dados da Secretaria de Segurança.
A apreensão dos cheques foi feita pela Polícia Federal, na Operação Furacão. O troco foi dado esta semana pela Justiça, que determinou o depósito em cofres públicos dos R$ 16 milhões apreendidos em dinheiro com a quadrilha. Na decisão da juíza da 6ª vara criminal federal, Ana Paula Vieira de Carvalho, foi decretada, ainda, multa no valor de R$ 11 milhões aos 24 condenados.
Entre os membros da quadrilha estão Turcão, Aniz Abraão David e Ailton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães. A magistrada determinou que os bens arrecados sejam leiloados em favor do Estado, como lancha chamada Bandida, avaliada em R$ 400 mil.
Os gastos de Turcão — que cumpre pena em sua casa num terreno em que construiu condomínio só para sua família, em Niterói — mostram que os R$ 2,6 milhões faziam parte de sua rotina mensal. Além de pagamento para advogados e parentes, havia cheques para lojas de móveis e decoração, produtos de informática, artigos de papelaria e, até, para o cemitério Jardim da Saudade, no valor de R$ 421 mil.
Se comparado com o orçamento para investimento da Polícia Civil (R$ 1,1 milhão), também para 2007, a despesa mensal de Turcão chega ao dobro. As apreensões mostram, também, que os valores apreendidos em espécie são só parte dos lucros da quadrilha.
Bens leiloados
Entre os bens apreendidos que serão leiloados há 51 carros de luxo, entre Mustangs, Mercedes Benz, BMWs, Chrysler, Lexus, Audi e caminhonetes importadas. Todos foram apreendidos na casa dos bicheiros. Outra fixação da quadrilha eram os relógios de marcas renomadas. Foram apreendidos 310, grande parte deles, Rolex. Entre os conjuntos de joia, foram 700.
Em depoimento à polícia,, até o juiz do Tribunal Regional do Trabalho, de Campinas (SP) Ernesto Dória disse que “costumava pedir emprestado a Turcão”, mas o bicheiro cobrava o pagamento com juros. Dória responde ao processo na Justiça.
Rastreamento dificultado
Os celulares apreendidos em poder da quadrilha, segundo a decisão, eram comprados por Jaime Garcia Dias nos Estados Unidos, para dificultar o rastreamento da polícia.
Só em sua residência, num condomínio na praia da Barra, os policiais federais encontraram 42 celulares. Advogado, Jaime fazia também o contato da quadrilha com magistrados. Ele foi condenado a 28 anos por quadrilha e corrupção. A lancha Bandida de 41 pés (12,5 metros), ficava em seu poder.
De acordo com a decisão da Justiça, Jaime “era encarregado de promover aproximação com agentes públicos. Possuía vários escritórios montados com a exclusiva função de distribuição de propina a um sem número de policiais cooptados pelo bando, que recebiam o chamado ‘pagamento mensal”
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